sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Talvez soe a surpresa, não tenho palavras se é assim.




Sabe o que é sentir estrangeiro na sua própria casa?
Forasteiro com lama na bota e vento gélido compassado?
Pois sou bruma. Densa e onipresente no orvalho da manhã.

Quando fui abatida você não viu meu corpo no chão.
Quando o sangue estancou você não viu eu nascer de novo.
Quando eu chorei na solidão, no medo e no ódio e num quarto fechado.

Estava perto, mas não na altura dos olhos
Não culpo você se eu parti. Só culpo por ter ficado próxima,mas longe.
Hoje já não sou.

Eu já fui do seu conhecimento.
Hoje esse ser não é.
Hoje sou cacos de vidro, espelho marcado.
Eu não pertenço ao futuro, sou pedra do que foi fato.
Inerte, mas forte.

O tempo me fez uma estranha na sua prórpia casa.
Eu não pertenço a mais nada que não seja o passado.
Não me enquadro entre gostos, rostos e traços
Agora eu vivo a distância ao nosso lado.

Forasteiros, sim somos, agora cada um para um lado.

Sou vento inverso.

A ironia está em fazer sentido, sem rimar um sentimento afogado.

Foto de: Rubens Nemitz Jr.

Um comentário:

  1. Bonito o post!!!!
    tanto a foto como o texto!!!
    Parabéns.....
    (ahh o André q me passou o endereço do Blog..ehehehe beijinhos)

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