O Vampiro, o poeta e o anarquista

O vampiro:

"Então o que você pensa?

Que seguirei assim, pisando em tudo o que é vivo, consumindo o sua seiva, usurpando seus sonhos e conduzindo a uma condenação eterna?

Que abusarei de frases seduzindo seus sonhos e fazendo pertencer a mim, por vínculos sanguíneos, da sua necessidade, em meio a uma relação de ódio e amor?

Que vou causar dependência e arruinar seu sopro. Que minha influência será o combustivel do seu fogo, que arderemos em conjunto quando tudo cair sobre nós. Nunca prometi eternidade, apenas um momento que não se encerraria.

Afinal, se sou um vampiro, existem muitas outros libertinos e livres por aí. Sua gana e desejo são como presas, parasitam o seu corpo, e confundem seu espírito. Não tenho culpa de tirar a vida que não tem sentido.Não tenho culpa dessas bases tão erradas e absurdas, do roubo e da fome. Agora chega dessa conversa toda.Apenas feche os olhos."

O poeta:

Carimbador Maluco - Raul Seixas

"Parem, esperem aí aonde vocês pensam que vão?

Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Plunct Plact Zum
Não vai a lugar nenhum!!
Tem que ser selado, registrado, carimbado
Avaliado, rotulado se quiser voar!
Se quiser voar....
Pra Lua: a taxa é alta,
Pro Sol: identidade
Mas já pro seu foguete viajar pelo universo
É preciso meu carimbo dando o sim,
Sim, sim, sim."

A anarquista:

Ser Governado

Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, identificado, doutrinado, aconselhado, controlado, avaliado, pesado, censurado, comandado por outros que não têm nem o título nem a ciência, nem a virtude...

Ser governado, é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, anotado, registrado, recenseado, tarifado, selado, tosado, avaliado, cotizado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, administrado, impedido, reformado, endereçado, corrigido. É, sob pretexto de utilidade pública, e sob o nome do interesse geral, ser posto à contribuição, exercido, extorquido, explorado, monopolizado, pressionado, mistificado, roubado; depois, ao menor resmungo, à primeira palavra de reclamação, reprimido, multado, enforcado, hospitalizado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído, e por cúmulo, jogado, ludibriado, ultrajado, desonrado.

Este é o governo, esta é a sua justiça, esta é sua moral! E quem são entre nós os democratas que pretendem que o governo tem de bom; os socialistas que sustentam, em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade, esta infâmia; os proletários que colocam a sua candidatura para à presidência da república!

Por Pierre Joseph Proudhon (em "Idée générale de la révolution au XIXe siècle").

Eu:

Não sou nem vampiro, má poeta, e nem um pouco anarquista.Cada um a sua época, com a sua fantasia. Eu aqui, só sou eu.Não quero repetir o que os outros disseram apenas reforçar umas coisas:

Aonde pensamos que vamos?

"Este é o governo, esta é a sua justiça, esta é sua moral!"

"Então o que você pensa?"

Aliás,você pensa?